domingo, 27 de dezembro de 2009

Faleceu o sul-africano Dennis Brutus, poeta e ativista anti-apartheid

Recebi hoje um e.mail da comÁfrica.org, através do seu diretor de comunicação, Dr. Salomon Blajberg, onde nos notícia o falecimento do ativista anti-apartheid e poeta sul-africano Dennis Brutus.
A informação mais completa poderá ser lida no próprio e.mail que o Dr. Salomon teve a amabilidade de me enviar.
Que esta transcrição fique como uma homengem a um herói desconhecido por muitos.
Deixo também aqui o link para os "post's" que levaram-me a ter contato com a comÁfrica.org:
(http://lanternaacesa2.blogspot.com/search?q=apartheid)


Abaixo o e.mail do Dr. Salomon Blajberg:


O ATIVISTA ANTI-APARTHEID E POETA SUL-AFRICANO Dennis Brutus faleceu enquanto dormia, no sábado 26/12/09, aos 85 anos de idade em sua casa em Cape Town.
Neste ano de 2009, o comAfrica.org, dentro de suas atribuições, contribuiu com depoimento, materiais de seu acervo e indicações de contatos no Brasil e África do Sul, inclusive o do Prof. Dennis Brutus, para que a celebração e lembrança das primeiras manifestações brasileiras contra o apartheid em 1959 pudessem ser consubstanciadas nas reportagens apresentadas pelo programa Esporte Espetacular, (http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM1093159-7824-ESPECIAL+SPORTV+APARTHEID,00.html) que revelaram ao Brasil também a importante contribuição de Dennis Brutus para que tais manifestações acontecessem em 1959, quando como dirigente da South African Sports Association recém fundada como alternativa ás organizações desportivas racistas, teve a iniciativa de enviar o telegrama ao Presidente do Brasil Juscelino Kubitscheck no qual pedia para que não permitisse a participação do time brasileiro num jogo de futebol em moldes racistas .
Dennis Brutus ficou preso na Ilha de Robben junto com Nelson Mandela em meados de 1960. Seu ativismo levou o Comitê Internacional Olímpico a proibir a participação da África do Sul desde os jogos de 1968 até o fim da segregação, quase 30 anos depois.
Ele foi para o exílio em 1966 e mais tarde veio para os Estados Unidos da América para ensinar Literatura e Estudos Africanos na Northwestern University e na Universidade de Pittsburgh.
Ao longo dos anos, escreveu mais de uma dúzia de livros de poesia, incluindo dois durante o confinamento. Ele deixa sua mulher e oito filhos.
Nos últimos anos, Dennis Brutus era Professor no Center for Civil Society na Universidade de Kwa Zulu Natal , cuja homenagem por ocasião de seu falecimento está transcrita mais abaixo (em inglês) .
Mesmo em seus últimos dias , Brutus estava plenamente engajado, defendendo o protesto social contra aqueles responsáveis pelas mudanças climáticas , e promovendo a causa das reparações para os sul-africanos negros cobradas das grandes corporações que se beneficiaram do apartheid. Ele era um dos principais demandantes no processo baseado no Alien Tort Claims Act[ [Lei de Reclamação de Danos Estrangeiros], uma lei que permite a cidadãos de qualquer nacionalidade processar em tribunais estadunidenses por violações de direitos ou tratados internacionais.] contra as principais multinacionais envolvidas , um processo que no momento está avançando no sistema judiciário estadunidense.
Relembramos aqui as palavras do prof. Dennis Brutus ao povo brasileiro na entrevista que deu ao programa Esporte Espetacular ((http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM1093159-7824-ESPECIAL+SPORTV+APARTHEID,00.html)) :
"Gostaria de mandar um recado agora que estamos celebrando a data: Muito obrigado por terem nos ajudado nesta luta pela humanidade. Eu agradeço profundamente . Obrigado!"
"A Luta continua!" Este slogan tão conhecido em nossa língua portuguesa e que se incorporou, no âmbito das lutas de libertação nacional, a várias línguas da África Austral, com a sua sonoridade do nosso vernáculo, bem caracteriza a obra de Dennis Brutus e sua vida, cuja divulgação nesta língua merece continuar.

Instituto ComÁfrica

Salomon Blajberg ,Ph.d. Viena
Diretor - Comunicação
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A TRIBUTE TO DENNIS BRUTUS


Dennis Vincent Brutus, 1924-2009

World-renowned political organizer and one of Africa’s most celebrated poets, Dennis Brutus, died early on December 26 in Cape Town, in his sleep, aged 85.
Even in his last days, Brutus was fully engaged, advocating social protest against those responsible for climate change, and promoting reparations to black South Africans from corporations that benefited from apartheid. He was a leading plaintiff in the Alien Tort Claims Act case against major firms that is now making progress in the US court system.
Brutus was born in Harare in 1924, but his South African parents soon moved to Port Elizabeth where he attended Paterson and Schauderville High Schools. He entered Fort Hare University on a full scholarship in 1940, graduating with a distinction in English and a second major in Psychology. Further studies in law at the University of the Witwatersrand were cut short by imprisonment for anti-apartheid activism.
Brutus’ political activity initially included extensive journalistic reporting, organising with the Teachers’ League and Congress movement, and leading the new South African Sports Association as an alternative to white sports bodies. After his banning in 1961 under the Suppression of Communism Act, he fled to Mozambique but was captured and deported to Johannesburg.
There, in 1963, Brutus was shot in the back while attempting to escape police custody. Memorably, it was in front of Anglo American Corporation headquarters that he nearly died while awaiting an ambulance reserved for blacks.
While recovering, he was held in the Johannesburg Fort Prison cell which more than a half-century earlier housed Mahatma Gandhi. Brutus was transferred to Robben Island where he was jailed in the cell next to Nelson Mandela, and in 1964-65 wrote the collections Sirens Knuckles Boots and Letters to Martha, two of the richest poetic expressions of political incarceration.
Subsequently forced into exile, Brutus resumed simultaneous careers as a poet and anti-apartheid campaigner in London, and while working for the International Defense and Aid Fund, was instrumental in achieving the apartheid regime’s expulsion from the 1968 Mexican Olympics and then in 1970 from the Olympic movement.
Upon moving to the US in 1977, Brutus served as a professor of literature and African studies at Northwestern (Chicago) and Pittsburgh, and defeated high-profile efforts by the Reagan Administration to deport him during the early 1980s. He wrote numerous poems, ninety of which will be published osthumously next year by Worcester State University, and he helped organize major African writers organizations with his colleagues Wole Soyinka and Chinua Achebe.
Following the political transition in South Africa, Brutus resumed activities with grassroots social movements in his home country. In the late 1990s he also became a pivotal figure in the global justice movement and a featured speaker each year at the World Social Forum, as well as at protests against the World Trade Organisation, G8, Bretton Woods Institutions and the New Partnership for Africa’s Development.
Brutus continued to serve in the anti-racism, reparations and economic justice movements as a leading strategist until his death, calling in August for the ‘Seattling’ of the recent Copenhagen summit because sufficient greenhouse gas emissions cuts and North-South ‘climate debt’ payments were not on the agenda.
His final academic appointment was as Honorary Professor at the University of KwaZulu-Natal Centre for Civil Society, and for that university’s press and Haymarket Press, he published the autobiographical Poetry and Protest in 2006.
Amongst numerous recent accolades were the US War Resisters League peace award in September, two Doctor of Literature degrees conferred at Rhodes and Nelson Mandela Metropolitan University in April - following six other honorary doctorates – and the Lifetime Achievement Award of the South African government Department of Arts and Culture in 2008.
Brutus was also awarded membership in the South African Sports Hall of Fame in 2007, but rejected it on grounds that the institution had not confronted the country’s racist history. He also won the Paul Robeson and Langston Hughes awards.
The memory of Dennis Brutus will remain everywhere there is struggle against injustice. Uniquely courageous, consistent and principled, Brutus bridged the global and local, politics and culture, class and race, the old and the young, the red and green. He was an emblem of solidarity with all those peoples oppressed and environments wrecked by the power of capital and state elites – hence some in the African National Congress government labeled him ‘ultraleft’. But given his role as a world-class poet, Brutus showed that social justice advocates can have both bread and roses.

Brutus’s poetry collections are:
Sirens Knuckles and Boots (Mbari Productions, Ibaden, Nigeria and Northwestern University Press, Evanston Illinois, 1963).
Letters to Martha and Other Poems from a South African Prison (Heinemann, Oxford, 1968).
Poems from Algiers (African and Afro-American Studies and Research Institute, Austin, Texas, 1970).
A Simple Lust (Heinemann, Oxford, 1973).
China Poems (African and Afro-American Studies and Research Centre, Austin, Texas, 1975).
Strains (Troubador Press, Del Valle, Texas).
Stubborn Hope (Three Continents Press, Washington, DC and Heinemann, Oxford, 1978).
Salutes and Censures (Fourth Dimension, Enugu, Nigeria, 1982).
Airs and Tributes (Whirlwind Press, Camden, New Jersey, 1989).
Still the Sirens (Pennywhistle Press, Santa Fe, New Mexico, 1993).
Remembering Soweto, ed. Lamont B. Steptoe (Whirlwind Press, Camden, New Jersey, 2004).
Leafdrift, ed. Lamont B. Steptoe (Whirlwind Press, Camden, New Jersey, 2005).
Poetry and Protest: A Dennis Brutus Reader, ed. Aisha Kareem and Lee Sustar (Haymarket Books, Chicago and University of KwaZulu-Natal Press, Pietermaritzburg, 2006).
He is survived by his wife May, his sisters Helen and Dolly, eight children, nine grandchildren and four great-grandchildren in Hong Kong, England, the USA and Cape Town.

(By Patrick Bond)

Statement from the Brutus Family on the passing of Professor Dennis Brutus

Professor Dennis Brutus died quietly in his sleep on the 26th December, earlier this morning. He is survived by his wife May, his sisters Helen and Dolly, eight children, nine grandchildren and four great-grandchildren in Hong Kong, England, the USA and Cape Town.
Dennis lived his life as so many would wish to, in service to the causes of justice, peace, freedom and the protection of the planet. He remained positive about the future, believing that popular movements will achieve their aims.
Dennis’ poetry, particularly of his prison experiences on Robben Island, has been taught in schools around the world. He was modest about his work, always trying to improve on his drafts.
His creativity crossed into other areas of his life, he used poetry to mobilize, to inspire others to action, also to bring joy.
We wish to thank all the doctors, nurses and staff who provided excellent care for Dennis in his final months, and to also thank St Luke’s Hospice for their assistance.
There will be a private cremation within a few days and arrangements for a thanks giving service will be made known in early January.

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Poet, activist Dennis Brutus dies

HILLEL ITALIE
NEW YORK, UNITED STATES - Dec 27 2009 07:14

South African poet and former political prisoner Dennis Brutus, who fought apartheid in words and deeds and remained an activist well after the fall of his country's racist system, has died. He was 85.
Brutus' publisher, Chicago-based Haymarket Books, said the writer died in his sleep at his home in Cape Town on Saturday.
Brutus was an anti-apartheid activist jailed at Robben Island with Nelson Mandela in the mid-1960s. His activism led Olympic officials to ban South Africa from competition from 1964 until apartheid ended nearly 30 years later.
Born in 1924 in what was then Rhodesia, now Zimbabwe, Brutus was the son of South African teachers who moved back to their native country when he was still a boy. He majored in English at Fort Hare University, which he attended on full scholarship, and taught at several South African high schools.
By his early 20s, he was politically involved and helped create the South African Sports Association, formed in protest against the official white sports association. Brutus was banned from South Africa in 1961, fled to Mozambique, but was deported back to South Africa and nearly murdered when shot as he attempted to escape police custody and forced to wait for an ambulance that would accept black South Africans.
His books Sirens, Knuckles, Boots and Letters to Martha and Other Poems from a South African Prison were published while he was in jail. His poems were political, but also emotional and highly personal.
He was confined, but unbeaten, writing in the poem Somehow We Survive that "All our land is scarred with terror/rendered unlovely and unlovable/sundered are we and all our passionate surrender/but somehow tenderness survives."
In Prayer, written after he left prison, he proclaims, "Uphold -- frustrate me if need be/so that I mould my energy/for +that one swift inerrable soar." Forced to leave the country in 1966, he longed for home in the 1975 poem Sequence for South Africa, writing that the the "secret is clamping down/holding the lid of awareness tight shut," until "some thoughtless questioner/pries the sealed lid loose".
Brutus emigrated to the United States in 1971, but his legal troubles did not end. The Reagan administration, which began in 1981, changed the policy on political refugees, making it more difficult for them to remain in the US. Brutus was threatened with deportation and his case was finally resolved in 1983 when an immigration judge granted asylum.
Brutus taught literature and African studies at Northwestern University and the University of Pittsburgh, a distinctive figure in old age with his flowing white hair and beard, engaged in protests against world financial organisations and in calls for stronger action against global warming.
Over the years, he completed more than a dozen collections of poetry, including A Simple Lust, Stubborn Hope and Salutes and Censures.
In 2006, Haymarket published a compilation of his work, Poetry and Protest.
He received numerous honorary prizes, including a lifetime achievement award from South Africa's Department of Arts and Culture. But in 2007 he rejected induction into the South Africa Sports Hall of Fame, stating, "It is incompatible to have those who championed racist sport alongside its genuine victims. It's time -- indeed long past time -- for sports truth, apologies and reconciliation."
He is survived by a wife, eight children and many other relatives. - Sapa-AP

Source: Mail & Guardian Online

Web Address: http://www.mg.co.za/article/2009-12-27-poet-activist-dennis-brutus-dies

domingo, 6 de dezembro de 2009

Flamengo, Campeão Brasileiro de 2009

O Flamengo foi hoje, pela sexta vez, Campeão Brasileiro. Por enquanto quero aqui colocar os gols da virada histórica para oferece-loes aos meus irmãos, que pertencendo eles à Nação Rubro Negra, moram além fronteiras, por Portugal e Suiça.
Vamos cantar...

Uma vez Flamengo,
Flamengo até morrer...



 Torcida do Flamengo cantando com um fundo de funk...



Hino do Flamengo interpretado pelo saudoso Tim Maia com belas imagens




sábado, 5 de dezembro de 2009

20 anos sem Raúl Seixas

O músico brasileiro Raúl Seixas deixou-nos fazem 20 anos. Entretanto a sua música ficou para sempre para aqueles que a apreciam.
Lembro-me quando aqui cheguei, ao Brasil, tinha eu uma dificuldade de entender o meu gosto por um roqueiro brasileiro, meio matreco (brega) competindo com o gosto que tinha eu por um Led Zeplin, Pink Floyd, Jethro Tull e outros gringos de grande envergadura na música mundial.
Mas nunca fugi de ouvi-lo ou mesmo de comprar um LP,sendo inclusive o primeiro que adquiri aqui no Brasil logo no primeiro ano, em 1975, ainda em Itapetinga no interior da Bahia, aproveitando uns Cruzeiros (Cr$) dados por um tio.
Muito mais como forma de revive-lo, egoistamente digamos, do que homenageá-lo, colocarei aqui uns clips de algumas das suas interpretações, começando por a que eu sempre tive como um hino por a ter como um retrato de como eu via, e vejo, um modo de estar voltado para um constante aprendizado de lidar com fatos, palpáveis ou menos palpáveis: falo da música “Metamorfose Ambulante”.


Metamorfose Ambulante


Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo...


Eu quero dizer
Agora o oposto
Do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo...


Sobre o que é o amor
Sobre o que eu
Nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator...


É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo...


Sobre o que é o amor
Sobre o que eu
Nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator...


Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu
Lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo...


Do que ter aquela velha, velha
Velha, velha, velha
Opinião formada sobre tudo...

(Raúl Seixas / Paulo Coelho)












segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Comentário a uma crónica do João Craveirinha

No Pululu, blog do angolano Eugénio Almeida, li uma crónica de autoria do João Craveirinha intitulada de 'A origem do espírito brasileiro “anti-português” ". Lá deixei um comentário sobre algumas questões que não concordei com a interpretação do João C., e achei válido aqui reproduzir, com algumas correções de concordância e ortográficas sem alterar o conteúdo.
Para entender melhor o meu comentário, possivelmente fique melhor ao visitante da Lanterna Acesa ir até ao Pululu  e ler a crónica em questão.
Mas disse eu no comentário postado no blog do Eugénio Almeida:


É aceitável que todo "historiador" coloque um pouco da sua interpretação dos fatos, e ficamos nós, os mortais, no direito e por vezes na obrigação de discordar, ainda que parcialmente.
Neste caso vejo algumas distorções, ou erros de interpretação do João Craveirinha, como quando afirma que os brasileiros têm inclusive aversão às outras ex-colônias portuguesas devido ao vinculo histórico destas (ex-colônias e Portugal).
Erra também quando diz que esta aversão brasileira às coisas portuguesas “vem ressurgindo com toda a força”.
Moro no Brasil faz 34 anos, dos meus 49, continuo sem conseguir disfarçar o meu sotaque luso (nem tenho intenções de o disfarçar), e sei bem que a “implicância” com os imigrantes portugueses é infinitivamente menor de quando cá cheguei em 1975. E o meu exemplo é muito curto para o período que o João pesquisou. E uma “implicância” muito ligada ao humor brasileiro na carona das anedotas com o personagem “português”. Muitas vezes anedotas contadas por quem não sabe contar e que acabam ficando ridículas.
Mas o que queria eu dizer sobre o tema “anedota de português”, é que têm elas pouco a haver com a história de colonizador e colonizado e sim por um momento da história muito mais recente, já no Séc. XX, quando o Brasil recebeu um grande número de imigrantes portugueses de baixa escolaridade, lá nos tempos das Grandes Guerras Mundiais, o que deu asas para se confundir, muito possivelmente de forma proposital, o que é ser “ignorante” e ser “burro”. E, diga-se de passagem, os próprios brasileiros assumem que de burros esses portugueses não tinham nada, pois uma grande parte deles passaram aqui a viver melhor do que quando em Portugal ao conseguirem, com toda a “ignorância”, se transformar em patrões, sendo hoje algumas dessas famílias proprietárias de grandes grupos empresariais cá no bairro, ou empresários de menos imponência mas ainda assim de sucesso, como proprietários de panificadoras, confeitarias e outros empreendimentos de médio porte.

Fonte da imagem: Jardim de urtigas

domingo, 22 de novembro de 2009

Quem é o Lula?


Tenho no Lula e muitos que o ajudam a governar, pois ninguém o faz sozinho, como tendo formado o melhor governo das últimas e longas décadas.
Pilota a economia brasileira por trilhos que nunca andou. Economicamente o Brasil começa a deixar de ser um país da esperança para ser, de fato, umas das economias mais fortes do planeta e com perspectivas de dias ainda melhores.
Ainda que alimentando cada vez mais a iniciativa privada para que esta fique mais consistente, não deixa o governo do Lula de olhar pelos menos favorecidos.
Criaram projetos sociais visto por muitos como “caça votos” mas essenciais para amenizar a dor de muitos em um mega país onde as soluções reais e definitivas não acontecem de um dia para o outro. Falo do “Bolsa Família”, ProUne e outros,.. e estou com o Lula quando este quer transformar os Projetos em Programas solidificados em leis, para consolidar estas conquistas de forma definitiva. Se vão ver isso como uma conquista do Lula ou do povo, pouco me importa desde que os menos favorecidos sejam tratados com mais dignidade.
Já quando se trata de diplomacia externa, com grande participação do seu guru Celso Amorim, o Lula vem queimando o seu nome e a imagem do Brasil junto à comunidade internacional e mesmo dentro do seu eleitorado tupiniquim.
Apoios a governos com posturas de um Chavez, e com convites para visitar o país a um Ahmadinejad, mostra uma linha ousada mas irresponsável para que se transforme o nome de Lula em uma possível candidatura futura para a ONU. Fica claro que o projeto do governo Lula de fazer com que o Brasil tenha uma cadeira no Conselho de Segurança passou a segundo plano em relação ao de ter o Lula como “number one” da Organização.
Lula, como Presidente eleito democraticamente, governando um país que se quer democrático, que defende internamente a democracia brasileira, que sofreu com uma ditadura na pele, ele e alguns dos seus colegas que hoje nem mais por aqui estão para contar histórias, tem mais é que ser imparcial na luta contra qualquer variável de ditadura, contra os crimes em relação aos direitos humanos. Ele tem que se perguntar se na época de dirigente de classes de trabalhadores, nos tempos de ditadura, ele colocava, ou se ainda hoje colocaria, possibilidades de procurar se entender com quem prende, tortura, mata, porque tem quem acredite que a liberdade de expressão é um inimigo da evolução social, porque religiosamente ou por visões políticas divergentes, grupos devam ser exterminados da sociedade.
O apoio de Lula a este tipo de atitudes no cenário internacional esvazia o seu espírito humanitário plantado em casa. Destrói todos os seus conceitos de democracia.
Quem é o Lula que queremos? O que conhecemos nas suas atitudes, ainda que com alguns escorregões, na sua política interna ou o Lula da sua política e diplomacia externa?
Quem é o Lula?

domingo, 15 de novembro de 2009

É certo que se convide ditadores, sejam eles religiosos ou políticos, com honras de Estado?

Por António Maria G. Lemos

Não concordo com o patrulhamento da imprensa em cima do governo Lula. Ressaltando os erros do seu governo em manchetes, e os acertos, em notas pequenas de ultima página. Mas cá entre nós, há coisas deste governo que apesar de achar dos melhores que já tivemos, também não consigo engolir em seco.
A sobreposição de valores próprios, típicos da nossa cultura, defendidos por ele em campanha e durante uma vida - que espero seja longa na política - em nome da "paz" (ou interesses comerciais) , não a vejo sempre com bons olhos.
Como por exemplo, que a diplomacia pragmática, (desculpem o pleonasmo), do governo atual, vem priorizando na agenda de encontros internacionais. Convidando, e depois claro, recebendo e sendo recebido por Tiranos. Sejam eles representantes de monarquias árabes , os ditadores do Irão e Líbia, o percussor da corrida da militarização na América do Sul; Chavez, que nos moldes do velho socialismo do seu Tio Fidel, precisa urgentemente de um inimigo internacional, para desviar as atenções do povo, sobre os verdadeiros problemas internos que assolam o seu pais. Pobre da Colômbia, que foi escolhida por ele, como sendo a “bola da vez”. Será por isso que o Brasil, resolveu dar prioridade de interesses nacionais, à compra de submarinos atômicos franceses? Baseado no princípio dos interesses nacionais; amigos-amigos, negócios á parte? Há que manter o taco do Chavez - também conhecido como “mamãe quando crescer eu quero ser Bolívar” - à distancia.
Deve o nosso governo priorizar o desenrolar do tapete vermelho a tais tiranos, e recebê-los com honrarias de Estado Democrático ?! Não haverão outros Chefes de Estado, de interesse nacional, menos antagônicos á nossa Constituição, para ser convidados?
Se Lula fosse bem assessorado, teria conseguido as mesmas vantagens comerciais, ou “ajuda para a paz”, se tivesse levado esses contactos ou investimentos diplomáticos, no patamar de ministros, como outros países o fazem. Assim , de forma simbólica, tentam mostrar aos tiranos que eles têm ainda que mudar muito, para poderem entrar pela porta da frente, e se sentar no sofá da casa que pretendem freqüentar.
Se o nosso governo fosse honesto consigo mesmo, não poderia se dizer a favor do respeito unilateral dos Direitos Humanos; liberdade de expressão, igualdade entre homem e mulher, abolição da escravatura, etc... Ser contra a perseguição ao homossexualismo, uso das crianças-soldado... e ao mesmo tempo lidar com tiranos que até hoje tem o seu "pelourinho" ativo, e em praça pública chicoteiam homens e mulheres em nome da Charia (lei religiosa). Lei mais do que medieval, (como a queima das bruxas no ocidente), usada por usurpadores de poder, que nada tem haver com a religião islâmica, que dizem defender.
Aliás se Deus existir, em qual formato religioso que seja, esses tiranos seriam os "fariseus" a ser expulsos do paraíso.

Somos a favor ou contra os Direitos Humanos?

Se podemos abdicar dos nossos valores humanos e culturais em nome de necessidades comerciais do país, porque então não começarmos com a produção e exportação de droga, que nem o Talibã no Afeganistão? Se os valores que achamos crer, e até bradamos ao mundo os defender, podem baixar no escalão das prioridades governamentais. Baseado nesse princípio, de uma só tacada , poderíamos matar dois, ou mais, coelhos. Passaríamos a produzir e exportar drogas, acabando com os subsídios à agricultura, aumentando assim as exportações, entrada de divisas, e melhorando consideravelmente a subsistência dos nossos peões de roça.
Os latifundiários ganhariam ainda mais do que já ganham... mas como se diz por aí, não há política perfeita, e em nome da diplomacia pragmática.
Sei que para alguns agora estarei sendo um tanto radical na minha "linguagem plástica/visual", sobre o tema; “Valores” x “Interesses” = Y : Y = Tolerância ?!
Nasci e morrerei tolerante, mas desde que o preço não seja o de ter que vender os valores que acredito e defendo.
Se elege um governo, por acreditar que ele jamais apertaria a mão de pessoas que desrespeitam os mais básicos e primordiais Direitos Humanos. E que venha a defender os valores que a nossa cultura política, religiosa e constitucional, defende. Abominando abraços de urso, como o foi o de Hitler e Stalin, que por um não respeitar os seus próprios valores constitucionais, acabou sendo invadido um ano depois desse "abraço de diplomacia pragmática", pelo exército do já então conhecido tirano nazi.
Um governo deveria representar não só os interesses econômicos, como também defender os valores da Constituição - pilar social, político da Nação - que ele representa.
Será que em nome da "pseudo-tolerância" cultural e religiosa, deveremos aceitar que filosofias, sejam elas políticas ou religiosas, estejam acima dos Direitos Humanos e da nossa Constituição ?















Manifestantes  no   Rio   de   Janeiro,  em   3
de Maio de 2009,  na  véspera  da  visita  de
Ahmadinejad que acabou por ser adiada.
Agora está agendada a visita do ditador ao

Brasil para Novembro.


Fonte da foto: Site do Estadão

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Fui à feira de imóveis, voltei com música...


Fui a uma feira de imóveis e voltei com 6 DVD’s de música.


Comprei o Zé Ramalho canta Bob Dylan (tá tudo mudando), lançado no ano passado; na onda nostálgica, dois da Elis Regina, sendo um show produzido pela TV Cultura (que vejo e ouço em quanto escrevo esta nota), e um outro produzido pela TV Globo, um do Toquinho, de um show em 1983 na RTSI, um do Deep Purple, onde posso ouvir Woman From Tókio e outras preciosidades, e por último um DVD de uma bela coletânea de gente brasileira, com algumas performances mais antigas, outras não tantas, como Rita Lee, Cássia Eler, Lulu Santos, Zeca Baleiro, Jorge Bem Jor, Titãs e tantos outros da boa música tupiniquim.

Comentando o DVD do Zé Ramalho, ainda que seja eu um suspeito para falar de alguém que já bato palmas antes mesmo de ouvi-lo, é mais uma grande performance deste nordestino. Para não haver frustrações, não podemos querer ali ouvir o Bob Dylan e nem mesmo as músicas no seu formato original. São versões com a personalidade interpretativa do Zé Ramalho, onde apenas uma música é em versão original e em inglês, ainda que interpretada pelo pernabucano, que é a"If not for you".
Destaco a participação em uma das faixas do grande guitarrista pernambucano, que tanto curti na minha juventude, Roberto do Recife.

Na minha consciência leve, e para garantir o código de ética de décadas atrás, estarei dividindo algumas destas belas performances em “K-7”, pois quando ali gravávamos as nossas músicas preferidas e a emprestávamos aos amigos ninguém nos classificava de piratas. Continuo apostando nesta alternativa, que como consumidores temos; Gravar o que compramos e dividir, sem fins comerciais, não deixando de usufruir das novas tecnologias, inclusive de comunicação, como a internet.

Por outro lado, já indico que comprem estes dois primeiros que já ouvi e que ouço, que são este do pernambucano Zé e o da Pimentinha produzido pela TV Cultura. Assim os terão na integra e com melhor qualidade.
E não comprem DVD e CD pirata. Não alimentem pilantras. No entanto, um "K-7" é sempre bem vindo!

domingo, 4 de outubro de 2009

Mercedes Sosa, ficou o seu legado.

A argentina Mercedes Sosa era naturalmente internacional. É difícil se mensurar o quanto ela influenciou, como artista e cidadã do Mundo, artistas e intelectuais e menos intelectuais do planeta, em especial na América do Sul.
Quando se anuncia o falecimento de artistas internacionais reconhecidos pela a sua arte, surge sempre um sentimento de perda, mas não com o mesmo impacto quando se recebe a notícia do desaparecimento de uma Mercedes Sosa. Ao acordar hoje e ao me deparar com esta noticia, a sensação é que havia perdido algo importante na minha própria história.
Ouvindo Mercedes Sosa se ganha coragem em se lutar para que se seja um cidadão do Mundo com mais responsabilidade, com mais comprometimento com questões sociais.
Já estava no Brasil quando as portas, por aqui, começaram abrir para a democracia no final da década de 70, inicio de 80. Logo depois começamos a ouvi-la, quando muitos ainda inseguros perguntavam se não era proibido a execução, na TV e rádios, das músicas desta argentina. Milton Nascimento e Chico Buarque passaram a ser os cicerones para esta artista no mercado brasileiro, e como conseqüência para esta cidadã no país vizinho ao das suas origens.
Mais tarde,em 1986, Mercedes Sosa patrocinou um dos momentos mais altos, ao meu ver, da TV brasileira quando participou com Milton Nascimento e Gal Costa do então programa “Chico e Caetano” da TV Globo.
Morreu hoje Mercedes Sosa... ainda bem que a história não se apaga.






sexta-feira, 2 de outubro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Back to the garden


Ao se festejar, em Agosto, os 40 anos da Feira de Arte e Música de Woodstock, alguns livros foram lançados e outros tantos relançados.
Peguei, em uma prateleira da livraria do aeroporto de Curitiba, o escrito pelo DJ da então rádio americana WNEM- FM, Pete Fornatale.
Um livro recheado de antigos e menos antigos depoimentos de gente que participou do maior festival de todos os tempos, no palco, nos bastidores e na platéia.
Depoimentos que falam sobre ausências dos já ícones da música, como os Beatles e Roling Stones, dos problemas de organização, da supresa inesperada de uma platéia de algo próximo a 500 mil jovens, onde em 3 dias de paz, amor, sexo, drogas e muita música, ouve uma manifestação onde a política ficou em segundo plano mas movido substancialmente pelo despertar de uma nova consciência de jovens ávidos por Paz e contra a então guerra no Vietnã, onde a USA estava envolvida.
Depoimentos como o do desconhecido Carlos Santana, que até aquela data não havia lançado ainda o seu primeiro disco, e que explodiu ali para o mundo com uma memorável performance: “É sempre uma onda e um ponto alto recordar o som. Me lembro do som antes de sair dos meus dedos, depois o ouvi saindo dos meus dedos para as cordas da guitarra. Da guitarra para o amplificador. Do amplificador para o PA. Do PA para todo um oceano de gente – uma montanha –, todo um oceano de gente e depois de volta para você. Impossível de esquecer. Foi lá que descobri meu primeiro mantra. A esta altura, muita gente sabe que eu estava chapado de mescalina, porque me disseram que eu só ia tocar às 2h ou algo parecido. Mentiram para a gente. Assim que tomei o lance e comecei a pirar, subimos – eram 14h. Foi essa a primeira vez que repeti meu primeiro mantra, que era, “Deus, por favor me ajude a ficar no tempo e no tom certos”. Fiquei repetindo esse mantra.”
Para quem gosta de rock, country, blues, e tem curiosidade sobre o que rodeava e acontecia com as grandes estrelas antes, durante e depois de Woodstock, aconselho a leitura deste livro.

Título: Woodstock, quarenta anos depois
Título original: Back to the garden
Autor: Pete Fornatale
Editado no Brasil pela Agir Editora Ltda.


sábado, 19 de setembro de 2009

Sim, eu te aceito...


Ao ler a crônica “Sorry. I still a conservative member…”, a minha resposta imediata é: Sim, eu te aceito, a ti e a muitos mais, cada um com a sua forma de ver o mundo, dito virtual. Aceitar-te, somente ao ler esta crônica, sem mesmo levar em conta o que te conheço como irmão e amigo, o que me faz de ter como irmão herói, faço-o mesmo é com mais vontade que tivesses registrado nas “redes sociais” a que pertenço.
Afinal, se apontas perfis de usuários das várias alternativas de comunicação que a internet oferece, onde comungo contigo que se excedem, para as minhas próprias regras de medição, no se expor ou querer a invasão de espaço alheio, penso que não seja essa uma linha geral.
Também não me assusta a mim as misturas de culturas, sem necessariamente estar sempre na onda do que é “IN”.
Redes sociais, como o Facebook, o Multiply, e similares, são caminhos, para mim, não de recordes na minha lista de amigos. Nesses espaços eu procuro diminuir as distancias entre o meu espaço geográfico com outros mundos, em especial aqueles que estão fortemente ligados à minha mente, como o próprio Brasil além Curitiba, Moçambique e Portugal. Acontece que nem sempre são os meus amigos, reais e/ou virtuais que complementam as minhas necessidades na interpretação do que acontece além do meu território físico e de atuação intelectual. Nessas listas, onde alguns podem estar buscando recordes imaginários, encontram-se na minha alguns amigos, família ou não, alguns conhecidos, e alguns desconhecidos, mas todos eles sendo para mim uma alternativa de interpretar o mundo. Não clico aleatoriamente no “Accept” para todas as propostas ou dicas de amizades que me enviam. Já todas as que me enviam fazendo-me um convite direto de fazer parte da sua lista de “amigos, conhecidos e desconhecidos”, são aceitos de imediato. Afinal deverá haver ali algum potencial de uma nova informação, a ser aproveitada ou não. Onde será guardada ou se será guardada, vejo isso depois. Claro, este é o meu comportamento quando já estou registrado, e mantenho ativa, uma conta em uma destas redes em questão.
Por vezes, sou eu que faço convites a pessoas que já fazem parte de uma rede onde estou, que irão me ver como um desconhecido, que acabam aceitando ou não aceitando. Faço-os pelo mesmo motivo: buscar alternativas de contato com o meu mundo externo.
Com alguns destes, passo até a ter contato via e.mail ou mensagens pessoais, usando as ferramentas das próprias redes. De um desconhecido passa a ser um conhecido, que posso ver ou não potenciais de amizade a serem desenvolvidos, onde tenho já alguns bons exemplos reais (Não seriam estas pessoas, antes, reais? Seriam elas virtuais?)
Para uma análise mais prática sobre a crônica “Sorry. I still a conservative member…”, eu diria que é um ponto de vista, crítico e muito válido, em relação a usuários que não têm um comportamento adequado ao teu, e meu, estilo de aproveitamento no uso das alternativas que a internet nos oferece. Desqualificar estas alternativas porque tem quem as use de forma “indevida”, seja no ambiente destas alternativas ou porque abandonam outros meios de se sociabilizarem, como ir a um barzinho, a um show com amigos e bater um papo com estes no “face to face”, é como deixar de ir a um show porque sabemos da possibilidade de ter por lá gente que não sabe o momento de ouvir a música ou de bater palmas, ainda que esta falta de sintonia entre os momentos não chegue a atrapalhar o show no seu todo.
Então meu mano e meus amigos, estou também disponível para manter contato com vocês, e com alguns desconhecidos, via tais “redes sociais”;

You “accept me”?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

“Sorry. I still a conservative member…”


Por António M. G. Lemos

Volta e meia abro o meu Mail e vejo que não tenho notícias novas e pessoais, e sim pedidos para aceitar um amigo ou amiga, no MSN , Yahoo, Orkut, Netlog, Facebook Network, ou seja lá como todos esses “Friends Networks”, primos do Big Brother, se chamem.
Antes, para evitar melindres, ainda me dava o trabalho de responder à pessoa que me havia enviado o pedido de “aceite”. Hoje já são tantos que se lhes ajuntar os E-mails que são repassados de massa para massa, (chego a receber o mesmo Mail 3 vezes), não me sobraria tempo para ler algo verdadeiramente interessante, ou mesmo usar o meu tempo livre, fora da telinha.
Na minha vida privada real, costumam me perguntar pelo meu nome de membro de uma dessas “rede de amigos”. E quando respondo que nem membro do “Bompreço”, ou do “Pingo Doce” sou, de resposta recebo um indignado(!?); Oooh pá, não sejas chato! Diz’me lá pá. Ou não és meu’migo? Ou, “Qual é brother? Não enche o saco meu! Abre o jogo mai frendchi...”
Se governos totalitários até hoje não conseguiram que a Humanidade andasse toda vestida de verde-oliva, ou roupas que nos escondessem a maior parte do corpo, e deixássemos de pensar, para o Estado vigente pensar por nós. O tal mundo de manipulação Global - apesar de parecido, não confundir com a TV Globo do Brasil - conseguiu que da Antártica ao Ártico, se consumam os mesmos produtos, valores e códigos de conduta. O “IN” do urso polar, passou a ser o mesmo do pingüim real do sul. Todo mundo numa Nikentendo meu!
Se antes resistíamos ao poder de manipulação das massas, hoje de biquínis e shorts iguais, pulamos voluntariamente e de sorriso escancarado, na piscina do “Grande Irmão”.
Quando pergunto porque é que têm que pertencer a tais grupos ouço várias justificativas. Uma delas que pretende explicar porque é que arrumam tempo para ficar horas em frente do Facebook, e não investem 15 minutos para tomar um copo depois do trabalho com um amigo ou colega de trabalho, acho extremamente interessante; “trabalho muito, as obrigações familiares... e como não tenho tempo para encontrar as pessoas que gosto...” (!?)
Outra justificativa que parece ter sucesso, pois é usada por muitos, e acho mesmo a mais “queridinha” de todas; “...nem imaginas, como tenho encontrado amigos que não vejo há anos!” (Só não me explicam depois como é que com a falta de tempo diária para cuidar das amizades atuais, ainda arrumam tempo para os amigos do passado.)
A justificativa que melhor esclarece a solidão dos cidadãos do mundo do Grande Irmão é sem dúvida; “Sabes quantos amigos eu já tenho? 247!!!” (Mesmo não tendo cem por cento de certeza, se também reconheceriam todos esses amigos, se porventura os encontrassem na sua vida privada, em lugares públicos e convívio social. )
Tudo bem, não devo ser tão “conservador” ou “extremista” e aceitar um pouco mais os “ins” de hoje. Afinal também gosto de jogar futebol e xadrez com algum incógnito do outro lado do mundo ...sem trocar uma palavra. E afinal também não posso garantir que se antes investíamos o nosso tempo livre colecionando moedas e selos, fosse realmente mais interessante que colecionar e bater recortes de amigos virtuais. Nessa coleção, devo ser o pior de todos, afinal só tenho 5, que entraram de gaiato no meu navio, quando eu ainda não me tinha apercebido, das dimensões da moda. E agora nem sei mais como os apagar, sem os apagar da minha lista de endereços de mails.
O que me impressiona é que a força do voyeurismo parece ter renascido em cada um de nós com uma força quase doentia. Mais importante do que escrever algumas linhas, que mesmo por poucas e curtas, fossem pessoais e dirigidas a uma só pessoa que tenhamos a vontade e necessidade de escrever. O porreiro, o legal, o bué da fixe, o cool, o geil..etc, é colocar as “news” no ventilador do mundo virtual e espalha-las aos quatro ventos. Uma espécie de auto-paparazzi. Fazemos a notícia e divulgamos com uma frase num desses “Friendly Network”.
Mesmo que não tenha interesse nenhum em saber, ao abrir alguns dos provedores de E-mail, sou confrontado com “informações” como; “estou no banho e já volto”, “estou feliz, amanhã parto para a Turquia”, “deitado em casa com uma gripe”, “riscaram o meu carro snif,snif”, etc, etc...
Raios que me partam, quem lhes pediu para me colocarem na posição de voyeur!? É por isso que se no início dessa moda, ainda havia aceito algum desses pedidos para evitar melindres, já faz tempo que passei a rejeitar todos eles. Desde então, podem ir ao banheiro á vontade sem me explicar que em breve “vai feder”. Eu cá uso o banheiro para resolver negócios, que ninguém no mundo pode resolver por mim. Ou seja, papo privado mesmo!
Da mesma forma que eu digo Não à colocação de câmaras de vídeo espalhadas por escolas, estádios, ruas, estações de metrô e trens, que alegadamente deverão diminuir a violência em certos locais “nefrálgicos” das nossas cidades e sociedades. Por estar certo de que tais medidas na verdade não combatem as causas e sim, as conseqüências do problema. E ainda roubam de paralelo, a liberdade e privacidade da maioria dos inocentes da sociedade. Também me nego a abdicar voluntariamente do meu direito de privacidade, e a assumir o lema do “Grande Irmão” - “Guerra é paz, Liberdade é escravidão, Ignorância é força.” - do mundo totalitário , escrito por George Orwell no seu livro “1984” . Onde os Ministérios da Verdade, Paz, Fartura e Amor, controlam a informação, a memória, a fome, a guerra. Ou seja, o “Grande Irmão” ama, pensa e decide por todos os cidadãos.
Gostos não se discutem, e se eu respeito os vossos, por favor não levem pessoal e nem se melindrem se rejeito os vossos “aceite”. Com os Amigos “de longe”, antigos ou novos, mantenho as amizades vivas através de E-mails, e conferencia de voz e câmara. (Cartas continuam sendo as mais raras e ansiadas). Para os amigos “de perto” procuro priorizar o tempo e cuidar das amizades, como sempre fiz. Com encontros mesmo que às vezes mais curtos que a vontade, em casa, no bar, jardim, lago, cinema da esquina, motel, ou na igreja.
Com as novas tendências e modas da Sociedade Virtual, nos vejo cantando e rindo, marchando voluntariamente para esse mundo de G. Orwell, que já é parte real dos nossos dias.
Por isso não me empurrem! Não vou pular no mar do “Partido IN” atual, e nem vou aceitar a verdade imposta pelo Ministério da Verdade Virtual. Não serei membro da rede de amigos do “Sejaláqualfor”. Se é para ser peixe, lutarei até ao fim, feito um Merlin.
Vão ter que me pescar à linha corrida, e em alto mar!
Me desculpem meus verdadeiros e reais amigos, mas é que eu continuo um membro conservador do grupo Face to Face.

You “accept me”?


António Maria Gouveia Lemos
16/09/2009

domingo, 13 de setembro de 2009

DO BLOG "EM APOIO À NAÇÃO XUKURU"

Carta em apoio à nação Xucuru

Nós, artistas e cidadãos, de várias tribos e ajuntamentos, resolvemos sair da nossa confortável maloca. Da nossa toca. Palhoça. Dos nossos teatros e refletores. Do casulo de nossas partituras e parágrafos. Para, humana e urgentemente questionar o que tem acontecido com a Nação Xukuru de Ororubá, em Pernambuco. Assunto que tem recebido o silêncio da mídia e, quando não, é tratado com descaso e superficialidade.

Para quem não sabe, os problemas enfrentados pelo povo Xukuru datam desde o covarde assassinato do Cacique Chicão, há 11 anos - ele, principal liderança no processo de desenvolvimento da identidade do povo Xukuru e de reintegração territorial, e cuja luta foi imortalizada em canções-protesto assinadas por grupos como Cordel do Fogo Encantado, Mundo Livre S.A. e Quinteto Violado, entre outros.

Em seu lugar e na defesa dos direitos de sua gente, está atualmente o seu filho, o Cacique Marcos. No entanto, em fevereiro de 2003, Marcos sofreu um atentado, em que saiu ferido e em que dois jovens de sua tribo foram mortos. Além de vítima de mais uma tragédia, o Cacique Marcos passou à condição de réu em um processo cheio de incoerências, que se diz concluído sem ao menos ouvir as testemunhas de defesa.

Vale ressaltar que, infelizmente, é comum em nosso país a prisão arbitrária de índios, não apenas negando a sua cidadania, como, ao que parece, revelando a parcialidade da justiça e o seu alinhamento com as elites dominantes.

Aqui, ABAIXO ASSINADOS, queremos, todos juntos, demonstrar a nossa indignação e, sobretudo, alertar a população e as autoridades nacionais e internacionais para o possível desfecho trágico desses episódios. Destino cruel que está reservado, historica e ironicamente, a todo aquele que luta pela terra e pela igualdade de direitos.

Conscientes da importância social e política do povo Xukuru, resolvemos reunir as nossas forças para pedir, publicamente, transparência na condução dos fatos. Faremos tudo o que for possível para que a memória do Cacique Chicão seja preservada. E continue iluminando e inspirando o seu povo.

E também àqueles que, como nós, não perderam a esperança no futuro de nosso país.

Atenciosamente,

[para assinar esta carta vá ao blog Em Apoio à Nação Xucuru, clique em comentários e escreva seu nome, profissão, identidade e Estado]

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Imagens do Mato Grosso, Agosto de 2009

Tenho dificuldades de não conseguir ver imagens bonitas, que deixem de mexer com as minhas emoções, quando viajo a trabalho ou de férias ou simplesmente quando me locomovo para resolver alguma questão menos feliz.
A fotografia me trás vantagens em relação a um filme. Penso que seja por me fazer parar no tempo quando revejo uma imagem. Não existe o movimento de um filme, só saio daquele instante quando decido. Domino as emoções, passo por ela quando assim decido, revejo o filme com uma edição orgânica, sem ter a frustração imediata da imagem já ter ficado novamente para trás.
A foto só tem algo que me faz mal, que é quando por algum motivo não consigo registrar um momento especial, uma imagem especial. E isso acontece com bastante freqüência...felizmente!

Hoje, coloquei as fotos em uma sequência, na velocidade que o meu pensamento me fez repassar para esta edição, colocando uma música de fundo que tem me acompanhado na estrada e nas andadas no campo, pelas áreas da empresa, nestes dias.

*Sérgio, gostava de saber fotografar com competencia, mas como um dia destes ao comentsares umas fotos, disseste;"...senti o pulsar do coracão nesta sequencia... ", também eu aqui revivi o pulsar do coração quando cada uma destas imagens se apresentaram.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Equador, ditadura a caminho?


Na posse do seu segundo mandato, o Presidente Correa do Equador, perante vários governantes estrangeiros, fez declarações sobre a imprensa do seu país que joga a perder qualquer possibilidade de razão minima e lógica razoável que posa querer vender no seu, e do seu amigo Chaves, Socialismo do Séc. XXI.

Parece que a imprensa continua sendo uma pedra no sapato para as ditaduras, ainda que no Séc. XXI...


Retalho da reportagem da AFP / UOL


O presidente equatoriano reiterou suas críticas contra a imprensa. Nesta segunda-feira, ele classificou a imprensa como o "maior adversário" que teve de enfrentar durante a primeira etapa de seu governo.

"O maior adversário que tivemos nesses 31 meses de governo foi uma imprensa com claro papel político, mesmo que sem nenhuma legitimidade democrática", afirmou.

"Temos que perder o medo e propor formas de controlar os excessos da imprensa", declarou, uma semana depois de anunciar a cassação da licença de várias rádios e televisões.

"Temos que assumir as rédeas neste assunto, somos nós que vencemos as eleições, não os gerentes desses negócios lucrativos que se chamam meios de comunicação", acrescentou.


Fonte da foto: Último Segundo

domingo, 2 de agosto de 2009

Título a definir...

Vote no título deste post:

a-Laços Luso Moçambicanos
b- Síndrome de Agosto
c- Estudo da vaidade

Envie o seu voto por aqui:
http://www.portaldogoverno.gov.mz/contacte-o-governo

domingo, 12 de julho de 2009

Valeu, bicho!

Sempre achei o Roberto Carlos um matreco*, e matrecos eram todos que diziam gostar de ouvi-lo cantar. Isso desde os meus tempos de pré-adolescente lá em Moçambique, nos idos de final da década de 60, início de 70, até a uma fase já mais madura aqui no Brasil. Hoje, continuo achando que ele é um matreco, e começo a perceber que também tenho o meu lado matreco.
Se não compro um disco do Roberto Carlos, não troco de estação de rádio porque toca o Roberto Carlos. Tem ele melodias muito bonitas, letras belíssimas, e tem uma “áurea” de Rei.
É visto no Brasil como o Rei porque se comporta como um Rei, que ainda de carne e osso, e que haverá de ter os seus defeitos como ser humano, tem formado a sua imagem, no decorrer dos anos, como um intocável, com uma humildade nata, com uma capacidade de tocar no povo com um repertório simples, desde os tempos do rock da Jovem Guarda e depois assumindo o seu lado mais romantico, criando uma imensidão de fãs, fãs do cantor, fãs do ser humano.
No show de ontem, no estádio do Maracanã, que faz parte dos festejos dos seus 50 anos de carreira, Roberto Carlos proporcionou grandes momentos, sendo que o encontro com o seu parceiro Erasmo Carlos foi de grande emoção entre os velhos amigos que este país acompanha fazem cinco décadas. Saindo fora de dramalhões baratos, as lágrimas que rolaram ali vendiam um filme que o público conhece parte dele, e que ali se pode imaginar quantos quadros dessa história ficaram só com eles.
Valeu, bicho!
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* matreco = seria no Brasil o cafona, o brega, os tais valores subjetivos que gostamos de criar.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

De forma tímida, FIFA chama atenção da CBF

Foto do site da Gazeta do Povo

A Associação Dinamarquesa de Futebol posicionou-se de forma mais clara, mas também outras associadas da Fifa na Europa mostraram mais uma vez o descontentamento com a atitude de jogadores brasileiros ao misturarem religião com futebol quando festejam vitórias em jogos ou na conquista de títulos da Seleção canarinha.
Nunca fui contra quando as atitudes são individuais, tipo um jogador se benzer quando faz um gol ou no fim de um jogo ou quando agradecem aos “Céus” um lance ou uma vitória. Nem mesmo quando usam uma camisa por baixo da camisa oficial, com dizeres religiosos, desde que não vinculados a uma igreja especifica.
Mas foi de fato uma atitude reprovável, em especial da comissão técnica e demais dirigentes brasileiros presentes, a forma como agiram após a vitória sobre os EUA e em conseqüência a conquista do título da Copa das Confederações na África do Sul.
Estes usaram uma “instituição” de um Estado laico para representar uma linha religiosa. Além de representar uma ofensa, como Estado, a outros Estados laicos e não laicos, é uma ofensa a todos os brasileiros não cristãos. Afinal quem são estes cidadãos para se acharem no direito em usarem símbolos brasileiros, como o da CBF – Confederação Brasileira de Futebol, a Bandeira Nacional e o Hino Nacional e misturarem neste evento desportivo com orações religiosas?
Obrigado à Dinamarca por se manifestar de uma forma que os próprios brasileiros deveriam o ter feito, ainda que o resultado tenha sido que a FIFA tenha pego muito de leve a CBF quando esta claramente foi contra os estatutos e objetivos da Federação.

Texto assinado por um Cristão.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

sábado, 20 de junho de 2009

Lucrécia Paco – Então é verdade, no Brasil é duro ser negro?

Foto do Site Época

A atriz moçambicana Lucrécia Paco mostrou ter personalidade quando estando em país estrangeiro, a convite de uma instituição deste país para apresentar uma peça de teatro, ter aberto o trombone através da imprensa local e afirmado ter passado por discriminação racial na maior cidade brasileira.

Lucrécia Paco estaria em uma fila de uma casa de câmbio, em um shoping comercial na cidade de São Paulo, trocando dólares, quando uma mulher teria, de forma agressiva, insinuado que a mesma havia tentado mexer na sua bolsa. Quando a atriz moçambicana pediu desculpa se por ventura houvesse tocado, de forma não proposital, na bolsa, a tal senhora teria ficado ainda mais agressiva, ameaçando chamar a segurança e polícia de imigração.

Uma pena que a Lucrécia Paco, ainda que entendível por estar em solo estrangeiro, não ter apenas contado esta história à imprensa após os fatos. Pena que a mesma, para mostrar ao mundo inteiro que também no Brasil, ainda que haja uma corajosa legislação pertinente, o racismo é ainda uma realidade, não tenha levado a situação a consequências mais sérias para a acusadora. Penso que para isso não fosse nem mesmo necessário saber que no Brasil racismo é crime inafiançável.

E se pudesse estar com a Lucrecia, também lhe passaria uma mensagem de calma para que não entrasse na paranóia que diz que entrou ao começar a achar que começa a ver sinais de discriminação por todos os lados, e que fico na torcida que deixe por aqui as melhores impressões do teatro moçambicano.

Pode-se ler a notícia em questão aqui , e nos comentários da mesma poderão constatar o que alguns não querem reconhecer; que o racismo neste país existe, principalmente quando se pode exercê-lo no anonimato.

Lucrécia(s), lute, mas lute muito contra o racismo, e contra todos os preconceitos em relação às minorias, inclusive em Moçambique, inclusive sendo seja lá qual for o tom de pele que sofra com o preconceito.

* Interessante ouvir o cantor e escritor Chico Buarque falar sobre o racismo no Brasil, aqui.