sábado, 10 de janeiro de 2015

Eu sou Charlie



Levantam-se vozes questionando o slogan “Je suis Charlie” e o que ele vem representando no pós trauma do atentado ao jornal CHARLIE HEBDO. Nestas vozes há argumentos razoáveis mas há também as mais estapafúrdias argumentações.
É certo que um atentado na Europa, ou no dito mundo ocidental, aparece na mídia como uma força desproporcional em relação a atentados que acontecem em outros pontos do planeta, como por exemplo o que aconteceu hoje na Nigéria onde uma criança de 10 anos de idade foi usada como menina bomba matando 20 pessoas e deixando outros 18 feridos.
É também um fato a preocupação que se deve ter para que o movimento “Je suis Charlie” possa vir a ser mal usado pela ultra direita francesa como por movimentos reacionários e racistas de outros países europeus e de outros continentes.
Mas também me preocupa muito ouvir vozes na linha do politicamente correto aproveitarem o momento para alertar o mundo que há necessidade de respeito ao islamismo. Que o que vimos seja consequência do desrespeito das edições do Charlie Hedbo com o Islã.
Não! Dez vezes não!
Não se pode colocar isso na mesa dessa forma pois alimenta a ideia de justificar e fortalecer o fanatismo religioso. Nunca fui leitor do Charlie Hebo, mas conhecia alguns dos cartoons de algumas das vítimas deste estúpido atentado. Não vejo que eles eram desrespeitosos com o Islã, mas com certeza batiam de frente com posturas fanáticas de pessoas que usam da religião a justificativa para matar ou castrar a vontade individual de optar pelo seu próprio estilo de vida. Como vimos ontem na Nigéria onde o grupo terrorista Boko Haram, que luta por um estado nigeriano islâmico, embrulha uma menina de 10 anos de idade de bombas e a manda explodir-se no meio de um mercado porque diz acreditar que que a educação não islâmica é pecado, o que justificaria este tipo de barbárie. Além do que o fanatismo ligado ao islamismo não era o único tema deste jornal. Nem mesmo o Islã era personagem única quando se falava de questões ligadas às várias religiões instaladas no nosso planeta.
Ouvir gente reverenciando a atitude dos irmãos terroristas de Paris por terem devolvido o cachorro ao proprietário do carro que roubaram para dar continuidade à sua fuga e por terem declarado não matarem crianças e mulheres, é de doer na alma.
Os loucos se armam até os dentes, invadem o jornal e matam 12 pessoas. Para isso ameaçam matar uma criança para a mãe lhes dar acesso ao prédio do jornal. Um companheiro de luta sequestra pessoas dizendo que os matará se a polícia prender os dois irmãos. Acaba por matar 4 destes reféns depois de já ter matado uma estagiária da polícia desarmada e ainda me veem querer convencer que não se deve atacar, seja por charges ou por textos ou por outras atitudes democráticas, este irracional fanatismo que por acaso é ligado ao Islamismo. Buscam induzir mentes que existe uma pontinha de justificativa para se atacar a liberdade de expressão, matando, porque para os seus valores ultrapassaram a liberdade para a falta de respeito...
Não! Vinte vezes não!
Viva a liberdade de expressão!
 


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Concordo contigo. Há que ter cuidado para que a campanha de solidariedade "eu sou Charlie" não seja manipulada por radicais de direita ou grupos religiosos que queiram se aproveitar deste drama e desrespeito a um elementar Direito Humano.
    No entanto não devemos permitir que em nome de uma "pseudo-tolerância"deixem que o direito de livre expressão se ajoelhe sob o jugo de ameaças. Sejam elas de interesse financeiro, político ou religioso.
    É essa pseudo-tolerância que vendeu os seus valores aos interesses financeiros e vem compactuando nos últimos anos com governos que não respeitam os direitos humanos mais elementares, como a China, Rússia, Arábia Saudita, etc. Direitos que eles dizem defender nos seus países mas na verdade não se importam se "além-fronteiras", as pessoas sejam assassinadas ou torturadas por defenderem esses mesmos direitos.

    Neste momento há que mostrar e reafirmar mais do que nunca aos extremistas que eles (ainda) não venceram. Viva a Liberdade de Expressão!

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